Flux Gourmet Legendado Online
Situado em um instituto dedicado à performance culinária e alimentar, um coletivo se vê envolvido em lutas de poder, vinganças artísticas e distúrbios gastrointestinais.
“Flux Gourmet”, novo filme de Peter Strickland, é um prato reservado aos curiosos gastronômicos de plantão. O projeto do atual mestre do bizarro inglês foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary deste ano após estreia em Berlim e vem recheado das obsessões estéticas e temáticas que o tornaram um autor cult. Porém, a sensação de que o realizador está perdendo o frescor torna o longa um pouco indigesto.
A produção gira em torno da residência de um trio de artistas em um instituto dedicado ao “catering sônico” – uma forma estranha de performance que usa a manipulação de comida como base para experimentos sonoros. Egos inflados, tensões latentes e toda sorte de parafilias vão cozinhando os ânimos em banho-maria até a situação sair completamente fora de controle.
Uma das razões pelas quais a esquisitice de Strickland atrai aclamação da crítica e uma base de fãs é seu tom extremamente pessoal – em suma, ela nunca parece condescendente com o espectador. Talvez isso nunca tenha sido mais claro do que em “Flux Gourmet”, já que o diretor de fato participou de um coletivo artístico dessa natureza na juventude.
O roteiro escrito pelo realizador aproveita o seu conhecimento de causa para servir uma sátira ácida do universo da arte contemporânea, implicando instituições e o público em um circuito megalômano e auto serviente. Nele, tudo pode ser uma performance se você a justificar pomposamente. Não à toa, os olhos do espectador neste microcosmo é Stones (Makis Papadimitriou), um escritor contratado para documentar a residência e exposto às baboseiras grandiloquentes do grupo.